Vídeo: Encontro de Sutra “Estar Juntos”

junho 13, 2020 às 4:52 pm | Publicado em Blogroll, Cultura de Paz, Cultura Japonesa, Japão e Cultura Japonês, Meditação em Passo Fundo - RS, Prática Zen Budista, Vídeo | Deixe um comentário
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Being Together - Sutra Gathering

Encontro de Sutra “Estar Juntos” – Parte 2. (みんなで唱えよう~般若心経 ~ Part 2 / Be Together Sutra Gathering – Heart Sutra – Part 2)

Monges e Monjas da Escola Soto Zen Japonês, do mundo inteiro, colaboram para a criação de vídeos da recitação do principal sutra da nossa escola, Maka Hannya Haramita Shingyô (Sutra do Coração da Grande Sabedoria). Até o momento, foram produzidos dois vídeos que foram postados no canal de Youtube Sotozennet.

Nota: O termo “coração” aqui significa “essência”.

Primeiro Vídeo:

Segundo Vídeo:

O segundo vídeo foi acompanhado pelo seguinte texto:

“Olá, Amigos no Darma,

Hoje em dia, estamos tendo um período difícil devido ao COVID-19.
Uma quantidade de restrições, como auto-limitação e trabalho em casa continuam.
Num momento tão difícil, vamos recitar um sutra juntos no lar.

Neste projeto, monges/monjas Soto Zen do mundo inteiro rezam para o bem estar e saúde de todos vocês e recitam o Sutra Hannya Shingyo remotamente para vocês. No futuro, adicionaremos vídeos do sutra recebidos de todos os lugares do mundo e os postaremos múltiplas vezes.

A próxima postagem está programada para o dia 20 de junho, horário do Japão “Qualquer Momento, Qualquer Lugar, Estamos Conectados” (Anytime, Anyplace, We are Connected).

Sutra do Coração da Grande Sabedoria Completa

O “Sutra do Coração da Grande Sabedoria Completa”, foi dito que um resumo dos 600-volumes do “Prajna Paramita Sutra” (O Sutra da Grande Sabedoria Completa) expõe a essência dos ensinamentos do Budismo Mahayana.

Expõe a ideia do “vazio”. Isto é o ensinamento que todos os fenomenos estão sem qualquer substância permanente. Ensina que através da profunda sabedoria podemos ficar libertados de todos as preocupações e sofrimentos ao abrirmos mão de nossos apegos.

É um sutra que é recitado em várias escolas do Budismo. No Soto Zen, recitamos este sutra todo dia de manhã nos templos e centros de prática do Zen.”

 

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Vídeo: Aleluia Gaúcha

setembro 25, 2019 às 11:16 am | Publicado em Blogroll, Dra. Carla Froner, Instituto de Psicanálise Humanista, Música, Meditação em Passo Fundo - RS, Professor de Darma Zen Budista, Psicananalise Humanista, Uncategorized, Vídeo | Deixe um comentário

Uma das canções mais belas do monge Zen Budista e musico Leonard Cohen é a Hallelujah. É uma grande favorita minha. A música é lindíssima. Todavia, a letra é bastante triste.

De fato, já escrevi sobre esta música aqui no blog e sobre o Cohen e seu relacionamento com o seu mestre do Zen Budismo. (Sim, o Cohen é um dos meus artistas favoritas…)

Recentemente, porém, descobri uma “versão Gaúcha” desta música. Ficou incrível – e com uma mensagem positiva. Finalmente temos uma versão no qual a beleza da letra combina com a beleza da música!

Confesso que chorei de emoção, pois esta rendição desta música tocou o meu coração profundamente. Que música linda! Chorei, quase em prantos, um choro que era uma mistura de felicidade e de alívio das dores dos sentimentos de não-pertencer, de ser um “estranho no ninho” que vivi tantas vezes no passado. E chorei simplesmente emocionada pela beleza da música/letra em si.

Chorei da felicidade que sinto com a minha mudança para a cidade de Passo Fundo, onde me sinto cercada de alunos e pacientes muito, muito queridos numa cidade bonita e bastante agradável com um povo bem simpático.

Aqui, por mais uma das pouquíssimas vezes da minha vida, me sinto realizada – agora, tanto como monja-professora do Darma-missionaria quanto como psicanalista humanista. De todas as minhas andanças pelo mundo, só existem três lugares que me causam esta emoção: a Áustria, o Japão e, agora, a cidade de Passo Fundo.

Muito obrigada às pessoas que me trouxeram para esta cidade – especialmente o monge-em-treinamento Daniel Confortin (Daihou-san). Também, muito obrigada a todas as pessoas, terapeutas e professores que me acompanharam nesta jornada de vida e muito obrigada ao Universo e o Sagrado.

No Zen, encerramos da forma que agora uso para me despedir de vocês, meus leitores:
Muito obrigada,
Cuidem-se bem!
Kyuu Hai (nove reverências)

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Aleluia Gaúcha:

Original de Leonard Cohen:

Ler mais:

. Você conhece o significado da música “Hallelujah”? Venha descobrir
. Bono calls Leonard Cohen’s ‘Hallelujah’ the ‘most perfect song in the world’
. The Broken Hallelujah of Leonard Cohen

Vídeo: Retiro com o Mestre Kazuaki Tanahashi Sensei

julho 23, 2018 às 9:58 am | Publicado em Compaixão Zen Budista, Cultura Japonesa, Eventos, Meditação em Porto Alegre, Prática Zen Budista, Professor de Darma Zen Budista, Retiro, Vídeo, Zen Budismo em Porto Alegre | Deixe um comentário

Kazuaki-Tanahasi.jpgTive a honra de poder participar da oficina de caligrafia (dia 7 de junho) e retiro (dias 8 a 10 de junho) com o Mestre de Caligrafia Japonesa e Tradutor Kazuaki Tanahashi, Sensei no CEBB – Centro de Estudo Budistas Bodisatva.

Na Oficina de Caligrafia Zen: O Coração do Pincel, aprendi a posição correta do pincel e verifiquei a minha falta de capacidade de escrever uma ideograma “bonita”… Mesmo assim, foi muito gratificante estar lá, especialmente para observar o mestre escrever alguns caracteres de demonstração.

No retiro, com o tema Círculo do Caminho: Ensinamentos do Mestre Dogen, estudamos trechos de textos deste grande mestre, fundador da nossa escola Soto Zen no Japão, cujo obra principal. Shobôgenzô – O Tesouro do Verdadeiro Olho do Darma, que possui uma versão traduzido do japonês medieval para o inglës pelo Tanahashi Sensi.

1. Sexta-feira, dia 8 – noite

2. Sábado, dia 9 – manhã

3. Sábado, dia 09 – tarde (parte)

4. Sábado, dia 9 – Noite: Bate-papo / Perguntas e Respostas: Tanahashi Sensei e Lama Santem

5. domingo, dia 10 – manhã (última aula)

 

 

 

Vídeo: Mensagem de Respeito Religioso

julho 10, 2018 às 5:14 pm | Publicado em Compaixão Zen Budista, Cultura de Paz, Diálogo Interreligioso, Meditação em Porto Alegre, Prática Zen Budista, Vídeo, Zen Budismo em Porto Alegre | Deixe um comentário

Compartilho aqui um vídeo que foi gravado recentemente com os membros do Grupo de Diálogo Inter-religioso de Porto Alegre em prol do respeito entre as religiões. O convite para realizar esta gravação partiu do Coordenador da Comissão de Direitos Humanos da Procuradoria Geral do Estado, Dr. Jorge Terra. Esta campanha será veiculada pela TV Pampa.

Agradeço todos os envolvidos!

Vídeo: Encontro Inter-religioso: Feminino, Espiritualidade, Resistência

maio 30, 2018 às 12:55 pm | Publicado em Diálogo Interreligioso, Eventos, Meditação em Porto Alegre, Prática Zen Budista, Vídeo, Zen Budismo em Porto Alegre | Deixe um comentário

32835892_796520637210988_6381960207991308288_nContando com a presença de Mãe Carmen Holanda, do Ilê de Candomblé “Reino de Oba Sàngó” e a Dra. Graciela René Ormezzano do “Caminhando com Madalena”, tive a honra de participar de uma mesa-redonda com o título “Feminino, Espiritualidade, Resistência” que foi realizada na Academia Passofundense de Letras no dia 18 de maio. Foi um dia bastante frio e chuvoso, o que prejudicou o tamanho do público, mas o calor humano presente na sala aqueceu os corações de todos.

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Vídeo: Hallelujah de Leonard Cohen

maio 14, 2018 às 9:56 pm | Publicado em Blogroll, Música, Meditação em Porto Alegre, Prática Zen Budista, Vídeo, Zen Budismo em Porto Alegre | Deixe um comentário

Cohen_poemas_nov17Ordenado monge aos 62 anos de idade, o poeta e compositor Zen Budista Leonard Cohen tinha uma voz “única”, por assim dizer, que um aluno meu descreveu poeticamente como “áspera, carinhosa e saudosa como a mão de um velho amigo que encontramos depois de muito tempo”…

Recentemente, numa das aulas do Mini-Curso 04, falei da popularidade de sua lindíssima canção “Hallelujah”, que é tocado em tudo quanto que é de evento, inclusive em muitos casamentos. Expliquei que, ao meu ver, a letra desta música é um tanto irônica e triste – ou, talvez, resignada. Mas é uma letra bem Zen também… Aí, compartilhei Adicionei a minha impressão de que poucas pessoas realmente prestam atenção à letra, fixando-se na beleza da música – e acabam não percebendo a emoção da letra.

De acordo com uma reportagem no site Rolling Stone, Cohen teria dito, “Este mundo é cheio de conflitos e cheio de coisas que não podem ser reconciliadas, mas há momentos quando podemos transcender o sistem dualista e reconciliar e abraçar a bagunça toda, e é isto que quero dizer com `Hallelujah! Abençoado seja o nome.` … O único momento em que você pode viver aqui confortavelmente nestes conflitos absolutamente irreconciliáveis é quando você abraça tudo isto e diga `Olha, não entendo nada destas %#$^&^& coisas mesmo – Aleluia!` Este é o único momento que vivemos aqui plenamente como seres humanos.”

Então, vamos apreciar esta canção Zen:

E, vamos também apreciar o som maravilhosamente delicada da versão instrumental de Jake Shimabukuro no Ukulele:

Você pode ver a letra e a tradção desta música no site de Vagalume.

 

Vídeo: Palestra no projeto Estação Psi

outubro 27, 2017 às 5:07 pm | Publicado em Blogroll, Compaixão Zen Budista, Eventos, Meditação em Porto Alegre, Prática Zen Budista, Professor de Darma Zen Budista, Uncategorized, Vídeo, Zen Budismo em Porto Alegre | Deixe um comentário
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2017-10 Palestra Estação Psi 08No dia 2 de outubro, foi realizada uma palestra da Monja Isshin como parte do projeto Estação Psi da Comitê de Psicologia Transpessoal da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul (SPRGS) em parceria com a livraria FNAC do Barra Shopping Sul, com o tema “Compaixão e a Vida Diária”.

Assista ao Darma Chat da Sanga Águas da Compaixão (domingos às 16:30 h):

Vídeo: Casamento Zen Budista: Monja Isshin & Jon

outubro 4, 2017 às 11:01 am | Publicado em Casamento Zen Budista, Eventos, Meditação em Porto Alegre, Prática Zen Budista, Vídeo, Zen Budismo em Porto Alegre | Deixe um comentário

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No dia 23 de julho de 2017, foi realizada a Cerimônia Religiosa de Casamento Budista da Monja Isshin (Kathy Havens) e Jon Facemire no Jisui Zendô – Sanga Águas da Compaixão e oficiado pelo Missionário Internacional Ryoju Tahara, Sensei no dia 23 de julho de 2017.

A cerimônia foi realizada em japonês, com tradução para o português da Tomoko Kimura Gaudioso, Sensei e parar o inglês da Missionária Internacional Jishun Morioka, Sensei, do Templo Busshinji de Rolândia.

Contou com a presença do Rabino Guershon Kwasniewski, da SIBRA – Sociedade Israelita Brasileira de Cultura e Beneficiência, que ofereceu uma bênção em nome do Grupo de Diálogo Inter-religioso de Porto Alegre, do qual a Monja Isshin faz parte.

Profundos agradecimentos aos membros-praticantes da Sanga Jisui Zendo (Águas da Compaixão) que ajudaram com a organização do evento bem como todos os praticantes do Budismo e outros amigos que nos prestigiaram com a sua presença na cerimônia!

Muitas pessoas perguntam: mas monge pode casar??? Bem, no período Edo no Japão, numa tentativa de enfraquecer o Budismo e favorecer o Xintoismo como religião do estado, o governo Meiji passou um decreto em 1872 “permitindo” os monges budistas de todas as escolas (Zen, Terra Pura, Shingon, etc) a se casarem. Quando estive no Japão, ouvi dizer que, hoje em dia, as pessoas chegam a achar um pouco estranho o monge que não se casa… (Lembramos que, em muitas países asiáticos , os governos controlam (ou controlavam, no passado) vários aspectos da vida dos religiosos e das igrejas.)

No fim das contas, acredito que isto acabou facilitado a transmissão do Budismo Japonês para o Ocidente, uma vez que muitas das pessoas que se tornam budistas e sentem a vocação de buscar ordenação monástica já são casadas.

Depois de uma viagem de lua de mel, foi realizada a cerimônia de casamento civil, no dia 15 de setembro, em Hunstville, Alabama, cidade perto da moradia do Jon. Estiverem presentes dois colegas de turma de colégio (ensino médio) – amizades que já durarem mais de 50 anos, além de outros amigos do casal. Fomos agraciados com um lindíssimo arco-iris duplo bastante brilhante que durou toda a viagem de 40 minutos de volta de Huntsville para casa… Senti-me abençoada…

Não pretendo abandonar as minhas atividades como Professora de Darma e Missionária Internacional aqui no Brasil. Consequentemente, por enquanto, vamos levando um relacionamento à distância (graças ao Skype) com viagens periódicos para podermos passar tempo juntos e, vamos vendo o que o futuro vai nos trazer…

Gassho

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Vídeo: Entrevista na UPF-TV

maio 1, 2017 às 8:28 am | Publicado em Blogroll, Compaixão Zen Budista, Entrevista, Meditação em Porto Alegre, Prática Zen Budista, Professor de Darma Zen Budista, Vídeo | Deixe um comentário
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17-04-28EntrevistaUPFTVNo dia 28 de abril, 2017, foi gravada, no jardim da televisão UPF-TV, da Universidade de Passo Fudo, a entrevista da Monja Isshin com a jornalista Afani Baruffi. Foi uma conversa breve, mas muito, muito agradável! Gassho

Vídeo: Me Chame pelos Meus Verdadeiros Nomes

janeiro 28, 2017 às 7:05 pm | Publicado em Blogroll, Cultura Japonesa, Meditação em Porto Alegre, Prática Zen Budista, Vídeo, Zen Budismo em Porto Alegre | Deixe um comentário

nomesFaz um bom tempo que desejo escrever esta reflexão – que, bem ou mal, acabou ficando bastante longa – e espero que alguns dos meus leitores possam a achar informativa e interessante.

Um monge japonês é tratado por vários “nomes” – e basicamente nunca pelo seu primeiro nome civil, o seu nome pessoal – até mesmo na intimidade. Acho bem interessante este fato.

Na cultura japonesa, são os membros da família que mais merecem consideração e respeito, pois são justamente eles que suportam as nossas características menos nobres e nos toleram quando estamos tendo um dia ruim. Portanto, nem dentro da família deve-se deixar de usar os termos de consideração, os honoríficos. Pessoalmente, acredito que nós ocidentais devemos adotar um pouco desta mesma atitude de dignidade e consideração pelo outro e agir um pouco menos egoisticamente como os “Homer Simpsons” da vida junto com os nossos familiares.

Consultei com um dos monges japoneses sobre como são tratados e recebi a informações abaixo. Lembramos que ao falar com uma pessoa japonesa, nunca-nunca-nunca usa-se o nome dela sem algum tipo de honorífico, nem mesmo dentro da família, pois isto seria uma ofensa grave. (Mas, nota-se que a própria pessoa nunca fala o seu próprio nome adicionando um honorífico!)

Os honoríficos mais comuns são “-san” (さん), usando entre iguais; -“sama” (様), significa respeito e consideração podendo ser usado entre iguais também; “-chan” (ちゃん) ou “-kun” (くん), para crianças. No Zen, temos “-sensei” (先生, professor) e “-rôshi” (老師, literalmente professor velho, usado para professores de alto nível e acima de 65 anos de idade), –oshô (和尚, monge plenamente formado) e –dai-oshô (大和尚, literalmente grande monge plenamente formado). Vejamos alguns exemplos do Zen:

  1. De um monge para o outro, costumam tratar-se por: (sobrenome)+san/sama, (sobrenome)+roshi/sensei,  (nome do templo)+san/sama. Assim sendo, outros monges me chamariam Havens-san* (de igual para igual), Havens-sama*, Havens-sensei*, Jisui-san, Jisui-sama, Jisui-sensei, Ryûgaku-san, Ryûgaku-sama ou Ryûgaku-sensei. Nota: Jisui (慈水) é o nome do nosso templo e Ryûgaku (龍覚) é o nome da nossa “montanha”.  Nota: veja observação (*) abaixo.
  2. Um outro termo que ouvi sendo usado bastante dentro dos templos no Japão – até pelas esposas dos monges abades dos templos que visitei – mas que implica numa certa intimidade, é hôjô-san (方丈さん/様). Este já é uma forma de endereçamento que significa um grau de intimidade (congregados do próprio templo, monges que treinamento lá ou que trabalham lá e até a própria esposa). Havendo um pouco menos de intimidade, a forma correta seria (sobrenome)+hôjô-sama. O termo hôjô refere-se ao quarto onde vive o monge responsável pelo templo.
  3. O monge formado, depois de passar pelas formalidades de Zuise, torna-se um Oshô (和尚) e pode, eventualmente, tornar-se um Dai-oshô (大和尚). Na minha experiência pessoal, só vejo o uso deste honorífico durante a cerimônia de Zuise, quando o monge é formalmente reconhecido pela ordem Soto Zen como monge plenamente formado e, depois e de acordo com a graduação que possui, quando é abade de um templo, na recitação de linhagem na cerimônia matinal diária.
  4. Ainda mais, dôchô (堂, dô = local de prática ou, neste caso, monastério e 頭, chô = cabeça) é o termo usado para se referir ao monge principal  de um mosteiro. Assim, podemos dizer: (sobrenome)+dôchô-sama/rôshi. Quando realizei o meu treinamento no mosteiro, chamávamos a nossa abadessa (cujo sobrenome civil é Aoyama) de Dôchô Rôshi ou de Aoyama Sensei, pois lá, vivemos em mais intimidade com ela, pois o mais correto é de chamar ela de Aoyama Rôshi.
  5. Por fim, um professor de darma qualificado também pode ser chamado de “(sobrenome)+sensei” (ou de “(sobrenome)+rôshi” dependendo da graduação que possui) ou, no ocidente, (nome de darma)+sensei ou (nome de darma)+rôshi).  Assim, os meus alunos me chamam de “Isshin sensei” ou simplesmente de “sensei”, enquanto que eu chamo o meu professor de Transmissão de Darma de “Ônoda Rôshi” ou simplesmente “Rôshi”.

* Noto que nunca chamamos os monges japoneses pelos seus nomes de darma, enquanto que aqui no Brasil virou costume de chamar os monges de monge/monja+(nome de darma,) i.e. “Monge Genshô”, “Monja Coen”. Consequentemente, até os monges japoneses nos chamam pelo (nome de darma)+(honorífico).

Como isto já era a prática “estabelecida” quando retornei ao Brasil depois de terminar o meu treinamento no exterior, passei a me chamar de “Monja Isshin”. Na minha cabeça, o termo “monja” acaba tendo a mesma função que o honorífico japonês e não a função de um “título”. Desta forma, quando ouço uma amiga não-budista me chamar, dizendo, “Oi, monja!”, eu recebo isto como sendo chamada com “Oi, Isshin-san!”, com a intimidade de igual-com-igual.

Confesso que, depois dos meus anos imersa na cultura japonesa, causa, até hoje, um pequeno choque aos meus ouvidos (ou olhos) quando ouço (ou vejo) o meu nome de darma sem qualquer honorífico. Fica faltando algo. Cultivo a flexibilidade de aceitar o fato que no ocidente temos outros costumes e que os ocidentais não estão com a intenção de serem rudes comigo (no Japão seria uma ofensa um tanto grave), mas ainda dá um pequeno choquezinho aos ouvidos. Como a nossa comunidade optou para manter laços estreitos com o Japão e recebemos monges japoneses com regularidade, é o nosso costume manter rigorosamente o uso dos honoríficos com os nomes de darma (ou com os sobrenomes dos monges japoneses). Não admitimos correr o risco de referir-nos ao nosso querido superintendente para a América do Sul, o Saikawa Roshi Sokan sem o uso dos honoríficos apropriados! (Nota que podemos oferecer mais consideração usando dois honoríficos no caso dele, pois o termo Sokan se refere à função dele como superintendente. Mas, chamar ele de Saikawa Roshi já é correto e perfeitamente adequado.)

Ufa! Com tudo isto, vejo que há até por volta de 15 maneiras diferentes para referir-se a um monge – ou para endereço-lo numa conversa! Os monges abades de templos (o atual, ainda vivo e os históricos) são lembrados nas recitações de linhagen nos serviços matinais diários dos templos pelos nomes de darma completos+oshô/dai-oshô.  Neste caso, no nosso templo, sou lembrada como Sangai Isshin Oshô. (Veja a explicação sobre o nome de darma abaixo.)

E os monges da tradição histórica chinesa são lembrados pelo nome de darma, nome do templo, nome da “montanha” – na pronúncia chinesa e na pronúncia japonesa – e podem aparecer num determinado livro com um nome mas num outro livro com outro nome! Confesso que isto dá nó na minha cabeça e estou tentando até hoje terminar de organizar uma tabela com todos estes nomes para saber quem é quem!

Depois de toda esta explicação, vamos ver mais um fator. Em todos estes casos, o nome civil pessoal não é usado. Porque isto? Penso em pelo menos três motivos:

  1. Ao receber ordenação monástica, simbolicamente saímos de casa (o nome da cerimônia de ordenação – shukke tokudo 出家得度 – reflete isto) e cortamos laços com o nosso passado e simbolicamente (mas talvez não na realidade) até com a família. Receber a ordenação e fazer votos monásticas em quase todas as religiões significa receber um novo nome, como se fosse um novo nascimento. No Zen Japonês, o nome de darma completo é composto de 4 ideogramas chineses. No meu caso, Isshin (一心) é a parte do uso comum, mas tenho um outro nome, Sangai (三界), que é reservado para uso formal ou cerimonial. De forma semelhante, o Papa Francisco não é mais chamado de “Jorge”, que é o nome civil dele… Assim sendo, ser chamada pelo meu nome civil, com raríssima exceções, me parece um retrocesso e me é desagradável.
  2. Diferente das profissões de médico, professor, psicólogo, etc., consideramos os nossos votos como valendo 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano, durante o resto desta vida e das vidas futuras (se elas existem) até alcançar o estado de Buda. Assim, não tenho “folga” de ser monja, não tenho horários durante os quais deixo de orientar a minha vida de acordo com os meus votos e os preceitos budistas (que, no caso do budismo japonês, NÃO incluem votos de pobreza ou de castidade). Assim, após a ordenação, em princípio, é “monge” em tempo integral. Aqui no ocidente, nem todos os monges budistas observam isto, infelizmente, se comportando como “monges de meio período”.
  3. No Budismo, espera-se que o monge alcance determinadas realizações espirituais, incluindo a realização do “não-eu” e a “união com o todo”. Desta forma, espera-se que supere a mentalidade de ser “um eu individual e separado” do ego condicionado e pessoal, mesmo que mantenha o ego funcional freudiano e consciência de si-mesmo funcionando no mundo relativo da dualidade.

E  é aí, neste 3º ponto que acho que encontramos o verdadeiro motivo da tradição dos japoneses evitaram o uso dos nomes pessoais – até do nome de darma pessoal (lembramos que o nome de família é um nome de grupo e não pessoal, individual). Num monge de boa realização espiritual que superou boa parte de seu ego condicionado e pessoal, encontramos uma personalidade forte, que sabe muito bem o que pretende fazer, mas que está livre do auto-centrismo e egoismo comum. Sabe muito bem quem é, mas, como o Bodidarma, em seu famoso encontro encontro com o Imperador Wu, se vê obrigada a responder “Não sei” se alguém perguntar “Quem é que está aqui na minha frente?” pois não há como verbalizar a “essência do ser”. Só temos como vivencia-la.

Aqui no ocidente, onde a transmissão do Budismo ainda está no início (levou 600 anos na China), há pessoas que, por falta de um treinamento adequado, não cheguem a esta realização e, infelizmente, acabam vestindo “máscaras” de monge e inflando os seus egos condicionados) – às vezes, com resultados terríveis de abusos financeiros, sexuais ou de poder. Lembramos que a realização espiritual não implica necessariamente na resolução de eventuais traumas de seu passado ou dificuldades no desenvolvimento da sua personalidade, que seriam assuntos para a psicoterapia ocidental. A realização espiritual tende a levar com que a pessoa faça as pazes com o seu histórico pessoal e se incomoda menos com tais questões, mas não as cura.

O Mestre Dogen, no seu texto seminal “Fukanzazengui – Regras Universais do Zazen“, chama o nosso lar – a nossa verdadeira essência, a nossa “face original”, ao qual voltamos na meditação profunda –  de “a Casa do Tesouro”, que “naturalmente se abrirá”, e onde poderemos nos “servir à vontade”.

Neste aspecto do união com o todo, o Mestre Thich Nhat Hanh transmite palavras importantes:

“Nosso nome deveria nos dar um sentimento de estar em casa. A sociedade pode nos rotular como franceses ou americanos, ou talvez nos chamar de afro-americano, quer nos sintamos em casa com o nome ou não. Às vezes não estamos confortáveis com nossa cultura, sociedade, igreja e não nos sentimos no nosso lar. Portanto o nome que os outros nos dão não é nosso verdadeiro nome. Mas não podemos achar nosso verdadeiro nome a não ser que encontramos o nosso lar verdadeiro.” (Qual é o seu verdadeiro nome?)

Que cada um possa descobrir o seu verdadeiro nome, na meditação profunda, no grande silêncio da essência do ser.

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